Cachaça Patrimônio Bálsamo 600ml
Cachaça Patrimônio Bálsamo 600ml
A cachaça Patrimônio é a irmã mais nova e mais modesta de uma marvada que é merecidamente cult, a Engenho Pequeno. Mas tem brilho próprio: é interessante, única em seu estilo, e ainda tem uma qualidade muito apreciável em tempos de Estado falido: preço em conta. A cachaça Patrimônio é fabricada na Fazenda Guadalupe, na cidade paulista de Pirassununga. Ali, em meio a extensos canaviais que produzem cana para fornecer à Cia. Miller (51), o lorde Fernando Guimarães e seu filho, instalaram um engenho pequeno. Tratado com rigor exemplar, o engenho e dois alambiques produzem as duas cachaças citadas acima, patrimônio de uma cidade que já teve dezenas de pequenos produtores e que corre atrás de recuperar essa bela história.
A Patrimônio ainda utiliza a garrafa âmbar de 600 ml, estilo cerveja, e ressalta no rótulo em estilo clássico a sua cidade de origem. A surpresa começa quando a cachaça vai ao copo. A cor é inesperada para uma cachaça do escaninho dos bálsamos. Em vez do ouro que se vê, por exemplo, numa Indaiazinha, surge um amarelo mais acobreado, quase – com o perdão do paralelo vulgarizante – um guaraná. Mas há um brilho interessante; a cor é simpática.
Ocorre que a Patrimônio não é envelhecida em bálsamo (para usar essa classificação, “envelhecida”, teria que ter, pelo menos, 50% de seu conteúdo armazenado em barris de até 700 litros por, no mínimo, um ano, segundo a legislação atual) . Ela apenas passa uma temporada de três meses em barris novos da madeira que fez a fama das cachaças salinenses. É suficiente para ganhar cor e só um pouco mais de corpo. Essa opção curiosa é que faz da Patrimônio uma cachaça de estilo único.
No nariz, a Patrimônio é intensa, com álcool marcante, muito floral, remetendo a lavanda, e uma doçura confortante. O sabor também surpreende. É um degrau mais suave do que se esperaria de uma cachaça jovem, com 44% de teor alcoólico. Desce rigorosamente redonda, sem traços de acidez elevada. É doce ao primeiro contato e marcadamente picante ao final. O retrogosto revela um pouco daquela aridez agreste típica das cachaças curtidas no bálsamo que agrada a tantos.
É cachaça cachaça, com gosto de roça, ainda que moderna. É uma das melhores relações custo-benefício que têm por aí.